Guiomar Sousa- Assistente Operacional "queria mais pessoas ciganas a trabalhar na comunidade escolar".
- associacaoletrasno
- 6 days ago
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Guiomar Sousa
Idade: 44 anos
Escola onde trabalha: Assistente Operacional na Escola Básica da Gala
Localidade: Figueira da Foz
Pode contar-nos um pouco sobre o seu percurso até começar a trabalhar como assistente operacional?
Um percurso com algumas mudanças, feiras durante 12 anos, ano e meio num projeto Escolhas, e depois daí seguiu se alguns trabalhos temporários, formações ( CCP, Mediação Intercultural, Técnica Auxiliar de Educação) as que mais me ajudaram a estar onde estou hoje. Projetos sociais, que por norma tinham a duração de 6 meses ou 1 ano, Mediadora Intercultural pelo IEFP e mais tarde no mesmo contexto de mediação/formação, na APPACDM da Figueira da Foz...

O que a motivou a escolher trabalhar numa escola?
R: Acima de tudo a oportunidade que surgiu através de um concurso público, então foi juntar o útil ao agradável. Sempre foi um dos meus objetivos, trabalhar com crianças, como mediadora, TAE ou como estou hoje, e ter um emprego que me desse a estabilidade que há tanto tempo procurava.
Há quanto tempo exerce esta profissão?
R: Há cerca de 1 ano.
Quais são as suas principais funções no dia-a-dia escolar?
R: Trocando por miúdos, faço parte do prolongamento com crianças do pré- escolar, dou apoio no refeitório e na hora das refeições.
Como é a relação com os alunos, professores e restante pessoal da escola?
R: O melhor que possa ter, temos uma boa equipa de trabalho, trabalhamos em conjunto com as Educadoras, em prol das crianças. E sobre a relação com as crianças, é o mais gratificante do meu trabalho.
Sente que o seu trabalho ajuda a criar um ambiente mais acolhedor para todas as crianças?
R: Esse deve ser o objetivo de toda a comunidade escolar, desde pais, professores e funcionários, então sim, o meu trabalho é criar o melhor ambiente, segurança e acolhimento para as crianças, ainda mais sendo uma das primeiras etapas escolares, onde elas têm que se sentir seguras e motivadas.

O facto de ser cigana ajuda de alguma forma na relação com os alunos e famílias ciganas?
R: No meu grupo de crianças, temos poucas crianças ciganas, mas sim, o fato de ser eu a receber ou a entregar as crianças à porta, conversar com as mães e elas saberem que também sou cigana, as ajuda um pouco na integração e relação, escola/família e mesmo para as crianças, eu falo e elas percebem que eu sou "igual", o que lhe dá uma maior sensação de acolhimento.
Quais são as maiores dificuldades que encontra no seu trabalho?
R: Ao fazer um apanhado, acho que é mesmo aprender a lidar com as várias personalidades de tanta criança em uma sala. Cada uma delas tem necessidades diferentes e tenho que aprender a ler e a lidar com cada uma delas.
Temos crianças que passam muitas horas dentro da escola, devido ao trabalho dos pais, e estamos a falar de crianças entre os 3 e os 6 anos.
E quais os momentos mais gratificantes que já viveu na escola?
R: Os abraços que as crianças me dão e um (gosto de ti, Guiomar) não há nada mais gratificante, sentir o amor de uma criança.
Nota mudanças na forma como a escola lida com a diversidade cultural ao longo do tempo?
R. Noto alguma mudança, não posso dizer que não, mas também sinto que uma boa parte é mais por obrigatoriedade e não tanto pela empatia da diversidade.
Que melhorias gostaria de ver nas escolas no futuro, sobretudo no que toca à inclusão?
R: Mais pessoas ciganas a trabalhar na comunidade escolar. Com toda a certeza nos manuais escolares estar incluído a história e cultura das comunidades ciganas, e também estar incluído como base de formação, a todos os profissionais na área da educação.
Que mensagem gostaria de deixar aos jovens ciganos sobre a importância da escola e do trabalho?
R: Sem educação, muito dificilmente conseguirão integrar no mercado de trabalho...
Então estudem, formem-se no que vos der mais prazer, para que tenham bases fortes para integrar no mercado de trabalho, para terem o conhecimento dos vossos direitos e deveres e para que nunca tenham que baixar a cabeça a ninguém e assim reivindicar o vosso lugar seja ele qual for.
O que mais a orgulha no seu papel enquanto assistente operacional?
R: Ser funcionária pública ( risos) e puder me levantar todas as manhãs, a saber que estou a fazer o que gosto.





